A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária que
acomete principalmente indivíduos de origem africana. Ela é ocasionada por uma mutação
no cromossomo 11, na qual há uma alteração no 17º nucleotídeo (a base
nitrogenada timina (T) é substituída pontualmente por uma adenina
(A)), ocasionando na substituição de um ácido glutâmico por uma valina
na posição 6 da extremidade N-terminal da cadeia β da hemoglobina, dando origem
à hemoglobina S (HbS).
A forma
comum dessa doença se refere especialmente a indivíduos homozigotos
(HbS/HbS). Indivíduos heterozigotos (HbS/HbA) desenvolvem apenas o traço
falciforme (no próximo post veremos melhor sobre a genética da
anemia falciforme).
Essa
alteração gera uma modificação na morfologia dos glóbulos vermelhos
(hemácias), que passam a ter forma de foice. Isso ocorre pois, em baixas
tensões de oxigênio, ou seja, em condições de hipóxia, a hemoglobina S consegue
se polimerizar.
Isso faz com
que sobrevivam por menos tempo, entre 15 a 20 dias (sendo que o normal seria de
aproximadamente 120 dias), resultando em anemia hemolítica crônica. Hemácias em
foice também são mais rígidas, por isso circulam com mais dificuldade pelos
vasos sanguíneos e tendem a formar trombos, bloqueando o fluxo de sangue.
Dentre os sintomas
da anemia falciforme, destacam-se:
- Dor
(provocada pelo entupimento do vaso sanguíneo e consequente falta de oxigenação
do tecido);
- Fadiga;
- Icterícia;
- Tendência
a infecções;
- Síndrome
Mão-Pé (inchaço de mãos e pés);
- Riscos de
AVC (acidente vascular cerebral);
- Retardo no
crescimento.
O diagnóstico
dessa doença é realizado através de exames laboratoriais, como o teste do
pezinho e eletroforese de hemoglobina.
Dentre os tratamentos,
muitas vezes são indicados certos medicamentos para diminuição das dores, bem
como transfusões sanguíneas em episódios de anemia severa. A única possível
cura desta doença é através do transplante alogênico de medula óssea.
Nas imagens
abaixo podemos observar as alterações morfológicas das hemácias de um indivíduo
com anemia falciforme. Hemácias em foice também são conhecidas como drepanócitos.
Imagens: Atlas de Hematologia - UFG
REFERÊNCIAS E MATERIAIS PARA ESTUDO:
REES, D.; WILLIAMS, T. N.; GLADWIN, M. T. Sickle-cell disease. The Lancet, v. 376, n. 9757, p. 2018-2031, 2010.
DE GALIZA NETO, G. C.; DA SILVA PITOMBEIRA, M. Aspectos moleculares da anemia falciforme. J. Bras. Patol. Med. Lab. [online]. 2003, vol.39, n.1, pp.51-56.
DI NUZZO, D. V.P; FONSECA, S. F. Sickle cell disease and infection. Jornal de pediatria, v. 80, n. 5, p. 347-354, 2004.
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